terça-feira, 5 de maio de 2009

Mais de 100 mil pessoas foram atingidas

COMPILAÇÃO
FONTE: DIARIO DO NORDESTE
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=635812

O planejamento preventivo e as ações de socorro realizados pelo Estado foram insuficientes para evitar os estragos provocados pelas fortes chuvas deste ano. Segundo a Defesa Civil Estadual, as precipitações muito acima do previsto e a falta de resposta dos municípios são os principais fatores da situação. Em 52 municípios, o número de pessoas atingidas pelas enchentes já ultrapassa os 100 mil, seja por conta da destruição de moradias, do isolamento diante de falta de condições de tráfego das estradas, dos prejuízos materiais e da perda de vidas.

Fortaleza. De acordo com o boletim da Defesa Civil do Estado, até o fechamento desta edição, as enchentes já haviam atingido 110.479 pessoas em 52 municípios. Cedro, Itapajé, Milhã e Uruburetama já decretaram situação de emergência. A força da água destruiu 474 casas e deixou outras 2.464 danificadas. Com isso, são 5.892 desabrigados e 12.712 desalojados pela chuva.

Quatro pessoas morreram por conta das enchentes, sendo duas em Bela Cruz, uma em Frecheirinha e uma em Ubajara. Outras 88 pessoas ficaram feridas, nos municípios de Cascavel (3), Cariré (2), Icó (12), Irauçuba (3), Itapajé (10), Morrinhos (5), Quixeramobim (1) e Santa Quitéria (52).Outro problema é a piora nas condições das estradas. Pequenas comunidades encontram-se ilhadas e as pessoas precisam se deslocar por meio de pequenos barcos. As vias esburacadas alongam o tempo de trajeto e danificam os veículos.

Em Ipueiras, na região norte, a Prefeitura decretou recesso escolar até a próxima sexta. Os estudantes da zona rural não conseguem chegar à sede por conta da obstrução das vias. No total, 11 mil alunos ficaram sem aula.O secretário executivo adjunto da Defesa Civil Estadual, coronel Leandro Nogueira, apontou, mais uma vez, a falta de planejamento dos municípios e a intensidade das chuvas acima do esperado como responsáveis pela proporção que os estragos das enchentes tomaram no Ceará.

“Nosso planejamento foi voltado para dar suporte às Coordenadorias de Defesa Civil nos municípios, que é a nossa função. Mas, ao invés disso, tivemos que fazer o socorro imediato. Esta é a pior quadra chuvosa de todos os tempos e a demanda está sendo muito maior do que nossa capacidade, mas estamos respondendo na medida do possível”.O coronel reforçou a necessidade de doações, principalmente de alimentos, que podem ser enviados para qualquer unidade do Corpo de Bombeiros.

A reportagem tentou contato com a presidente da Associação dos Prefeitos do Ceará (Aprece), Eliene Brasileiro, mas a assessoria informou que ela estava em reunião.ReservasCom o aumento de 35% de chuvas no Estado, o resultado não poderia ser outro: acúmulo de água em todos os 131 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). De acordo com o chefe de gabinete da companhia, Antônio Treze de Melo Lima, já são 106 açudes sangrando. O resultado de toda a reserva acumulada representa 16,32 bilhões de metros cúbicos de água, o equivalente a 91,59%, o suficiente, de acordo com Melo Lima, para abastecer o Estado por um período de até quatro anos.A capacidade total dos reservatórios é de 17,82 bilhões de metros cúbicos de água. A chuva foi boa o suficiente para reverter o nível de açudes que estavam em situação crítica, como o Farias de Sousa, em Nova Russas, que atingia, em janeiro, 7,19% e passou para 77,4% de reserva total, mas ainda é o único da Bacia do Acaraú que ainda não sangrou.

AUMENTO.
Funceme registra 35% a mais de chuva no EstadoFortaleza. O consolidado das chuvas em todo o Estado já superou a média registrada no ano passado. De acordo com o meteorologista Eduardo Peixoto, da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), de janeiro até ontem, o volume de chuva em todas as regiões do Ceará é de 949mm, o que corresponde a 35% a mais, comparando com 2008. Em condições normais, a chuva seria de apenas 700mm em todo o Estado.

O resultado de tanta precipitação é visível: o aumento de água nos 131 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), além das enchentes e da quantidade de famílias desabrigadas tanto na Capital quanto no Interior.No entanto, a expectativa é que as chuvas continuem até o fim deste mês. Conforme Peixoto, pode haver uma diminuição nas precipitações porque o período da quadra chuvosa está perto do fim.

“Pode haver uma pequena diminuição de chuvas em maio no sul do Estado, mas a tendência é que continue pelo menos até este mês”. Com a incidência de mais precipitação, Peixoto diz que será preciso avaliar os fatores externos na formação de chuva para saber se junho também será com muita chuva ou não.Os dados divulgados pela Funceme apontam aumento de chuva no Estado do Ceará na faixa litorânea, Ibiapaba, Jaguaribara, Baturité, Sertão Central e Cariri.

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